domingo, novembro 19, 2006

Crítica a "Escatologia"

AMÉRICO RODRIGUES
Actor, cantor, vocalista (na medida em que se pode dizer que Phil Minton é mais um vocalista do que propriamente um cantor), poeta sonoro e poeta da palavra escrita, para além de um particularmente dinâmico e inventivo animador cultural na Guarda, Américo Rodrigues entra mais decididamente nos domínios da poesia fonética do que tinha acontecido no seu disco de estreia, «O Despertar do Funâmbulo», que tinha uma dimensão mais musical. Ainda assim, a sua pessoal abordagem da arte “inventada” por Kurt Schwitters é claramente influenciada pelo interesse do autor deste «Escatologia» pela improvisação vocal de que o acima citado Minton é uma das referências obrigatórias. Esta condição não deixa de ser assinalada no texto de E.M. de Melo e Castro que acompanha este disco auto-editado (apenas 250 exemplares numerados e com um desenho original em cada um de Maria Lino), no qual se diz que Rodrigues não pertence a qualquer das filiações neste domínio, designadamente a Dada, a do grupo franco-belga ou a da poesia experimental, surgindo com uma nova abordagem de síntese das suas várias abordagens artísticas/performativas. Ao longo das faixas, este cultor da escatologia laríngica recorre a um sem-número de técnicas e subterfúgios para condicionar ou transformar a sua voz, como encher a boca de batatas fritas, colar fita adesiva sobre ela, pressionar a garganta com a mão ou utilizar em simultâneo sons de um fecho éclair, do motor de um frigorífico ou de uma buzina. Os resultados são entusiasmantes e este disco representa, de facto, um passo em frente no seu percurso.Escatologia, auto-edição (americo.rodrigues@sapo.pt)

Rui Eduardo Paes
http://rep.no.sapo.pt/criticas_A.htm

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